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Custo do frete marítimo dispara e tendência é continuar a subir


25/06/2025


Desde abril, quando o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, impôs aumento de tarifas de importação e provocou a guerra tarifária, sobretudo contra a China, o frete marítimo disparou, trazendo consequências para todo o mundo. Na rota Ásia-Brasil, os preços passaram de US$ 950 por contêiner importado em abril para mais de US$ 5 mil neste mês. O valor é quase seis vezes maior do que quando as tarifas foram anunciadas.


De acordo com especialistas ouvidos pelo Diário do Comércio, o frete em contêineres varia muito de acordo com a oferta e a demanda e, por esse motivo, oscila demais. No caso da disparada atual, eles atribuem à retomada das negociações entre China e Estados Unidos, que deram uma trégua temporária na guerra fiscal, e ao cenário externo, que gera insegurança e sugere possíveis mudanças de rotas dos navios.


A analista de negócios internacionais da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Verônica Winter, explica que o frete chegou a níveis bem baixos em função da guerra tarifária, já que muitas empresas preferiram esperar as consequências a negociar. “Assim que teve uma trégua, elas voltaram a comercializar, o que fez aumentar a demanda e, consequentemente, o valor do frete.”


Conforme o CEO da China Get, empresa especializada em importação, Rodrigo Giraldelli, a guerra tarifária reduziu o frete a números só praticados em 2018 num primeiro momento, mas, com a trégua da guerra comercial, muitas empresas resolveram não só liberar a demanda reprimida, como também aproveitar a janela de fretes mais baratos.


Giraldelli explica que o frete marítimo de importação possui meses de pico, entre eles julho e agosto e, por esse motivo, o valor tende a subir ainda mais. “É nesses meses em que acontecem as importações visando Black Friday e Natal. Então, a tendência é que os preços aumentem no segundo semestre”, diz.


A analista da Fiemg lembra ainda que mais de 80% do comércio internacional é feito pelo modal marítimo. “Então, a variação de preço do frete encarece o comércio a nível global.” Para ela, além dessa questão das tarifas, o mundo está atento aos conflitos internacionais, que podem encarecer o frete ainda mais no segundo semestre. “Já estamos falando de alta do petróleo, de combustíveis, de desvios de rota. Isso tudo reflete no aumento dos preços das mercadorias, tanto para as importadas quanto para as exportadas, e aumenta a insegurança”, analisa.


Todo esse movimento prejudica, na visão de Verônica Winter, o planejamento do exportador e do importador mineiro. “O aumento e a mudança de rota elevam ainda mais os custos e afetam também os prazos, o que pode prejudicar ainda mais os negócios.”


O advogado especialista em logística e comércio exterior, Larry Carvalho, também atribui a alta do frete à situação geopolítica. “Muita carga da China que não foi para os Estados Unidos no momento da tarifação acabou sendo direcionada para o Brasil, e os portos brasileiros passaram a operar em 80% da sua capacidade.” Para ele, o Brasil virou uma alternativa de mercado, aumentando a demanda e, consequentemente, o preço do frete.


Esses movimentos acabam por encarecer não só o comércio do Brasil, como o de Minas Gerais, sobretudo quando se trata de pequenas e médias empresas, avalia Giraldelli. “Para fugir dessas oscilações é preciso ter planejamento e capital, o que não é uma realidade das pequenas empresas, para comprar em períodos de frete baixo e fazer estoque.”


Aumentos dos custos logísticos exige preparo das empresas


Diante desse cenário instável, Giraldelli destaca que as empresas precisam adotar estratégias para manter a saúde financeira do negócio. Entre elas, estão: negociar prazos e volumes com fornecedores e transportadoras, buscando condições mais flexíveis.


Também sugere rotas e modais de transporte diversificados, avaliando opções como o transporte aéreo ou rodoviário, sempre que viáveis. Outro ponto importante, na visão do CEO da China Get, é garantir que todos os custos, incluindo o frete, sejam considerados na precificação dos produtos e devidamente repassados ao consumidor.


“O preço do transporte internacional pode mudar repentinamente por conta de conflitos ou decisões políticas. Por isso, monitorar o cenário global e agir com estratégia é essencial para manter a competitividade”, disse.


O especialista avalia ainda que o aumento do frete marítimo representa um desafio significativo para os importadores, exigindo uma abordagem estratégica e proativa para mitigar seus impactos e manter a competitividade no mercado.


Conflito entre Israel e Irã trará poucos impactos, segundo especialistas


Na visão dos especialistas ouvidos pela reportagem, poucos são os impactos diretos no frete entre Brasil e China, quando observadas as possíveis consequências de uma escalada entre Israel e Irã. Segundo eles, o transporte de contêineres não utiliza a rota envolvida no conflito, e os impactos podem ser menores.


Porém, quando analisada apenas a questão dos combustíveis, o especialista Larry Carvalho acredita que, se fechados os canais que dão acesso ao petróleo do Irã, o frete tende a diminuir.


“Já estão falando em fechamento dos canais que envolvem os portos do Irã. Com isso, muitos navios-tanques ficarão ociosos e a tendência é você ter uma redução do valor do frete do combustível”, afirmou.


Segundo ele, se considerarmos que o Irã não conseguirá atender o mercado chinês, que é vultoso, os navios ociosos tenderão a procurar novos mercados. “Até eles conseguirem se realocar, a tendência é de baixa de preço. E só depois que se restabelecerem, aumentarão os preços novamente”, diz.


Já a analista da Fiemg não acredita numa escalada do conflito a ponto de fechar canais importantes comercialmente. “É um custo econômico e político muito alto. Não acredito que isso vá acontecer. Em termos comerciais, o que deve afetar é o preço do petróleo, que já está aumentando até por especulação”, avaliou.


Entretanto, todos os especialistas ouvidos pontuaram que traçar uma tendência é quase impossível, uma vez que qualquer alteração repentina no cenário econômico e internacional pode mudar todas as expectativas.


Fonte : diariodocomercio



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